No dia 31 de agosto, faz 20 anos que Lady Diana, princesa de Gales, morreu em um acidente de carro em Paris. Não acho exagero dizer que o mundo entrou em luto ao perder um de seus grandes ícones. Os portões do Kensington Palace foram inundados com flores e homenagens. Por isso, como forma de tributo, vou contar hoje na série Regencial no Séc 21 a história desse palácio que ficou mundialmente conhecido como a casa de Lady Di.
O histórico de Kensington como casa da família real remonta ao século 17, quando o recém coroado Rei William III e a Rainha Mary II (curiosidade: eles governavam juntos! Sem essa de rainha consorte) compraram a Nottingham House e comissionaram uma reforma para adequar a casa para os monarcas fazerem dali sua corte e lar de campo. Se você leu o texto sobre a Rotten Row, vai lembrar que a primeira estrada com iluminação pública foi construída como rota entre o St. James Palace, corte oficial, e o Kensington para conforto de Sua Majestade.
O fato é que, desde então, os corredores do palácio abrigaram reis, futuros monarcas e a parentaiada toda. Depois de William e Mary, a Rainha Anne viveu em Kensington. Após sua morte, os reis George I e II (ah, os nomes ¬¬) moraram por ali também, cada um dos três fazendo adaptações tanto no que se refere à disposição dos cômodos como dos jardins: a Rainha Anne foi a responsável pelo Apartamento da Rainha e a estufa; George I pela reforma dos apartamentos de Estado; e a esposa de George II pelos jardins e o lago Serpentine).
Durante o reinado de George III e na regência de Prinny, Kensington ficou para os parentes reais mesmo. Não me lembro de ter lido nenhum livro que citasse o Kensington Palace, mas sei que a região era mesmo considerada um vilarejo nas cercanias de Londres (qualquer dia faço um post explicando a confusão que é o sistema de bairros da cidade).
Entretanto, foi na Era Regencial, em 1819, que uma grande monarca nasceu e cresceu ali: Alexandrina Victoria passou seus primeiros 18 anos enfurnada morando em Kensington. A jovem Victoria vivia em um sistema criado para torná-la dependente de sua mãe e impedir que ela se apegasse a outros parentes (só que foi o contrário, né, ela odiava a mãe). Inclusive, foi em Kensington que ela conheceu o seu futuro marido, o príncipe Albert (♫ musiquinha romântica ♫).

Mesmo com diversos príncipes, duques, marquesas e condessas que viveram por lá, os apartamentos de Estado em Kensington foram negligenciados no século 19, já que a Rainha Victoria havia se mudado para o Palácio de Buckingham. Mas, em 1897, quando o Parlamento queria demolir o lugar, a Rainha Victória bateu o pé sobre o local onde nasceu e o governo voltou atrás. A reforma durou dois anos e os Apartamentos de Estado foram reabertos no aniversário da rainha, em 24 de maio de 1899. Foi aí que o uso misto, como residência da realeza e museu, começou.
Durante a Primeira Guerra Mundial, o palácio foi usado como escritório para algumas organizações de caridade. Durante a Segunda Guerra, o prédio foi seriamente bombardeado, principalmente os apartamentos da Rainha e, portanto, foi fechado novamente. O Museu de Londres voltou a Kensington em 1949, ficando lá por mais de 25 anos. Atualmente, o palácio é mantido pela fundação Historic Royal Palaces e é permitida a visitação com diversas rotas turísticas, inclusive com tours em áudio sobre a história do lugar.
Moradores modernos
Se você assiste The Crown, a fantástica série da Netflix sobre a vida da Rainha Elizabeth, conhece a Princesa Margaret. E na próxima temporada, talvez Kensington apareça! Isso porque ela viveu com seu marido no apartamento 1A (apartamento é modo de dizer, ok? Tem quatro andares e uns 20 cômodos. O que consideramos como apartamento aqui, lá é chamado de flat).
Em 1981, os apartamentos 8 e 9 foram combinados para criar a casa dos recém-casados Charles e Diana. Foi ali que William e Harry cresceram (e aprontaram muito, segundo algumas entrevistas). Diana viveu ali até sua morte e recentemente algumas fotos de seu escritório e sala de visitas foram divulgadas.
Hoje, o Palácio de Kensington é a casa do Trio Real – como William, Kate e Harry são conhecidos na mídia britânica. O casal mora no apartamento 1A, que era de Margaret. Já os cômodos dos apartamentos 8 e 9 viraram o “quartel general” para as organizações que eles gerenciam. Por exemplo, quando Kate recepcionou a equipe do Huffington Post para a semana da saúde mental, foi ali que a redação foi montada.
Desde George II, nenhum monarca viveu em Kensington. Será que William será o primeiro em mais de 250 anos?
Vamos conferir a galeria de fotos com pinturas e fotos dos apartamentos ao longo dos séculos!
Não se esqueça de curtir a página do Costurando o Verbo no Facebook!