Rotten Row – Regencial no séc 21

Depois de uma semana insana no trabalho, sem tempo nem pra respirar, cá estou eu de volta com mais um capítulo da série Regencial no Séc. 21! Vamos dar uma volta na avenida mais famosa da época?

albert-ludovic
Pintura de Albert Ludovic (reprodução)

É claro que estou falando da Rotten Row, o caminho de cavalos localizado no Hyde Park, ao lado do Lago Serpentine. Apesar de ter ficado conhecido por ser o lugar onde 0 beau monde aparecia para ver e ser visto, a criação foi por um motivo muito mais utilitário.

Era fim do século 17, lá pelos idos de 1690. O Rei William III havia acabado de assumir o trono e adquirir o Kensington Palace como sua casa de campo (dá pra acreditar?!) para fugir da loucura que era o entorno do St. James Palace, palácio oficial. Para você ter noção, o St. James é onde hoje fica a Clarence House, casa oficial do Príncipe Charles. É bem perto do Palácio de Buckingham. Então, pra mim, a ideia de Kensington ser a residência de campo é algo BEM surreal! Dá pra imaginar o tamanho da cidade no século 17.

Para ficar mais fácil chegar de um lugar ao outro, o rei iniciou a construção de uma estrada direta até Kensington que margearia o Hyde Park e que ficou conhecida como  King’s Road (a estrada do Rei). Como as estradas para o campo (!) eram cheias de salteadores, ele investiu na iluminação do caminho, tendo mais de 300 lamparinas de óleo seguindo todo o percurso. Foi a primeira via iluminada artificialmente da Inglaterra – atualmente, no inicio da Rotten Row há uma placa explicando essa curiosidade.

Nas minhas pesquisas para esse texto, entretanto, não entendi exatamente como King’s Road passou a ser chamada de Route du Roi, em francês. Sei que havia uma certa presença de franceses no reino, já que o rei anterior era amigo da França – bem diferente de William III. Route du Roi…Rotedu roa… Rotedurro… Roterro… HODOR Rotten Row! É possível imaginar como o nome acabou sendo o que conhecemos. Algumas décadas depois, o lugar passou a ser um caminho para exercitar cavalos, já que uma nova estrada havia sido criada por George II na outra margem do Serpentine.

No século 19, nosso queridinho, você pre-ci-sa-va passear na Rotten Row à tarde para se atualizar das novidades, para encontrar os amigos, para cortejar a pretendente, para caçar marido, etc, etc. De manhã, o lugar era mais usado para exercício mesmo, porque à tarde era impossível correr ou trotar numa boa velocidade. Isso foi imposto para evitar acidentes, já que toda a sociedade lotava o caminho e queria mais era mesmo desfilar. Pra que a pressa, não é? Já estavam todos com vida boa hehehe. E nada de vestir aquele traje velho. Tudo tinha que ser na última moda, para ostentar mesmo!

Hoje, a Rotten Row ainda existe (eu pisei lá, uhuul!) e ao lado foi criada uma ciclovia e uma pista de cooper. Descobri que em determinado momento do século 19, já na Era Vitoriana, o trânsito na avenida era tamanho que foi preciso aumentar a Rotten Row, incluindo esse pedaço que cito de ciclovia. Na Era Regencial, entretanto, o tamanho era semelhante com o que existe atualmente.

Eu segui a Rotten Row de bike, pela ciclovia (é proibido andar por ela a não ser a cavalo). E tive, inclusive, a oportunidade de ver alguns cavaleiros e seus amigos equinos, pois o parque tem um estábulo onde é possível contratar um passeio. É CLARO que, enquanto seguia a pista, fiquei me imaginando a cavalo por ali. Ai ai…

Outro ponto interessante é que também existiam caminhos de grama em ambos os lados para que quem não estivesse sobre rodas nas carruagens ou quatro patas pudesse passear e se “amostrar” também.

A Rotten Row é uma velha conhecida nos romances regenciais, mas muitas cenas hilárias acontecem nela nos livros da Julia Quinn. Em O Visconde que me Amava, por exemplo, há a “perseguição-do-corgi-rechonchudo” e é nessa área gramada que citei, já bem perto das margens do Serpentine, que Anthony e Kate encontram Edwina e Newton. É na Rotten Row que Penélope Featherington se apaixona por Colin Bridgerton (eu me apaixonaria em qualquer lugar, pra falar a verdade) quando ele aparece disputando uma corrida tsc tsc tsc, entre tantas outras cenas maravilhosas. Estou rindo aqui só de lembrar dessas!

Confira a galeria com algumas fotos que tirei com outras ilustrações da época e algumas imagens do Getty Images (todas do século 19, mas não necessariamente regenciais).

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Um dia, quem sabe, ainda dou uma voltinha a cavalo por lá 😉

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8 thoughts on “Rotten Row – Regencial no séc 21

  1. Ri muito com o Hodor! haha

    Muito interessante a história da Rotten Row, quem diria que uma rua pode ter sido testemunha de tanta coisa, né?
    Adorei!

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