Depois de uma enxurrada de posts sobre Julia Quinn e A Bela e a Fera (meu noivo que o diga, não me aguenta mais cantando Evermore), voltamos a programação normal com os posts da série Regencial no Séc 21! \o/
Hoje vou falar da Carlton House, “apenas” a casa de quem dá o nome à essa época: o Príncipe Regente, ou seja: George, Príncipe de Gales, futuro Rei George IV. Ela não existe mais, então, não tenho fotos atuais da propriedade. Mas, vamos lá?
A origem da casa data do início do séc 18, expandida por Henry Boyle, Barão Carleton em 1714. Provavelmente o nome do barão influenciou o nome da casa. Lord Burlington herdou a propriedade, que foi vendida em 1732 para Frederick, então Príncipe de Gales (ele é avô de George IV, mas morreu antes de seu pai, George II ah a criatividade pra nomes, nunca assumindo o trono que passou direto para George III). Em 12 de agosto de 1783, George alcançou a maioridade (21 anos) e foi tornado Príncipe de Gales. Com o título, veio a Carlton House.

A casa já havia passado por algumas reformas e extensões pela viúva de Frederick, mas George a considerou uma miscelânea de estilos e quis dar seu toque pessoal. Segundo o livro Carlton House – The Past Glories of George IV Palace, ele escreveu, em novembro de 1783, ao irmão Duque de York: “Estou trabalhando muito em minha mansão em Carlton House, onde eu espero tomar posse no dia três ou quatro do próximo mês, apesar da casa ainda não estar pronta. Estou adicionando e construindo muito nela e espero que, em seu retorno, você não pense que sou um mau arquiteto”. Em março de 1784, o jornal The European Magazine anunciou que as obras estavam completas, o que é uma grande mentira um exagero porque se tem uma coisa que nunca acabou foram as obras em Carlton House!
George era muito volúvel e mudava de ideia toda hora sobre um cômodo ou o uso dele, ou a mobília que havia sido encomendada para o quarto X acabava indo pro quarto Y e assim por diante. Mas, não dá pra negar a opulência do lugar, que servia bem ao propósito de residência do futuro monarca do Reino Unido. Dizem que quando George se tornou Príncipe Regente, as reformas aumentaram ainda mais sob a tutela de John Nash, arquiteto queridinho de Prinny (apelido informal do Príncipe Regente).
Já li descrições da Carlton House em alguns livros da Sabrina Jeffries, que ainda não foram publicados no Brasil. Há funções em Only a Duke Will Do, da série School for Heiresses (Escola para Herdeiras) e George aparece nos livros da série Royal Brotherhood (Irmandade Real). No caso da Irmandade Real, os personagens masculinos são bastardos de Prinny. Também li sobre um grande baile na casa em um dos livros de Julia London, com todas as descrições da opulência e até gaiolas de ouro, mas eu odiei a escrita da autora, então nem vale a pena citar.
Sinceramente, é uma pessoa difícil, se as caracterizações, um tanto quanto exageradas, podem ser levadas a sério. A frivolidade realmente parecia ser seu traço mais marcante. Também achei bizarro uma história de que George falava de si na terceira pessoa, para representar a regência e não a sua própria vontade (atá). O fato de que Jane Austen não gostava dele também não diz coisas boas sobre o homem.
Mas, estou aqui para falar da casa! Veja os desenhos e pinturas que reuni dos espaços e também de alguns móveis. A maioria é do livro sobre a Carlton House que mencionei acima e podem ser encontradas no site do Royal Collection Trust (assim como o livro, se alguém tiver curiosidade). É muita riqueza num lugar só, minha gente! É muita ostentação! Mas, eu bem que queria ostentar em um bailinho por ali, viu…
Bom, como disse no começo do texto, a casa não existe mais. George IV resolveu que não queria mais brincar de arquiteto por ali e resolveu reformar o que hoje é o Buckingham Palace. A Carlton House foi demolida em 1827, algumas partes foram utilizadas em outras construções, como o pórtico – acredita-se ser o mesmo da National Gallery. Hoje, em seu lugar, fica a Waterloo Place, uma praça cheia de estátuas que homenageiam pessoas notáveis nos conflitos que o Reino Unido se meteu participou. Hoje, existe ali perto a Carlton Terrace House, um conjunto de apartamentos (de luxo, obviamente, rs) que honram a memória da casa. Fiz um GIF com os mapas que tem na galeria:
Vou contar pra vocês que, quando passei por ali, eu tive a maior sensação de deja vu da minha vida: parei no meio da praça como se estivesse num lugar que eu conhecia, mas que não era bem assim como estava naquele momento. Se isso foi um sinal de que em outra vida eu dei um rolê pela Carlton House, eu não sei. Pode ser só fruto das minhas mil pesquisas. Mas que a sensação foi esquisita… Ah, isso foi! Eu até parei meu noivo e falei “Perai, eu conheço esse lugar”.
É isso, pessoal! Conta pra mim, vocês conseguem imaginar essa opulência toda quando estão lendo alguma cena e eles descrevem o quarto com detalhes dourados e sedas nas paredes, etc? Agora, talvez, fique um pouco mais fácil, né?
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One thought on “Carlton House, a casa do Príncipe Regente – Regencial no Séc 21”