Segunda temporada de Bridgerton tem o maior slow-burn da história da TV

A segunda temporada de Bridgerton estreou no dia 25 de março na Netflix e se você chegou aqui quer dizer – possivelmente –  que já terminou também. Eu sei, senta aqui, vamos conversar. Chris Van Dusen tem uma ou duas coisas para explicar. O texto abaixo tem spoilers, então, siga por sua conta e risco. Vamos à resenha: 

Um começo promissor

A série começa muito bem, com aquele ritmo alucinante que marcou a primeira temporada, cheio de figurinos deslumbrantes e cenários incríveis. A dinâmica da família Bridgerton segue impecável, super fiel aos livros no quesito geral (sabemos que os personagens são um caso à parte) e a narração de Julie Andrews e suas aliterações rocambolescas continuam nos deliciando. E surgem as Sharmas! Impossível não se apaixonar! Convidadas de Lady Danbury para a temporada, Kate já chega causando e saindo para cavalgar escondida, onde tem o primeiro encontro com o Visconde Bridgerton, como já suspeitávamos. 

A química entre Jonathan Bailey e Simone Ashley, intérpretes do casal desta temporada, é algo a se louvar. Chris Van Dusen, produtor da série, já havia dito que a atuação da dupla era magnética e impossível de desviar o olhar. E é isso mesmo. Por mais que a temporada não seja uma unanimidade, é inegável que a química entre eles carrega muito do roteiro nas costas. Diálogos rápidos, uma marca tanto de Julia Quinn como da Shondaland, nos fazem voltar as cenas só para rir mais uma vez da sagacidade do texto. Ou para se emocionar.

E falando em JQ, nossa patrona mor, lembramos muito do que ela disse sobre a primeira temporada: “Não é o livro, nunca será o livro. Mas aproveite mesmo assim”. A segunda temporada de Bridgerton é como uma história de algum multiverso na qual conhecemos todos os personagens e seus trejeitos, mas suas ações nos são desconhecidas até então. Encarando a série assim, como um produto independente, é possível aproveitar o maior e mais longo slow-burn de todos os tempos e sair dessa montanha russa de emoções aliviado. 

Mas, não é o livro. Inclusive, na minha humilde opinião, a primeira temporada foi bem mais O Duque e Eu do que a segunda foi O Visconde que me Amava. E tudo bem. A equipe de produção se sente mais confortável agora para sair da caixinha dos livros e explorar esse vasto BridgertonVerse. A história da TV não é pior por isso, mas é necessário saber separar Livro de Série de TV. São duas histórias à parte. Sempre soubemos disso, mas dessa vez essa diferença ficou muito mais pronunciada, já que muitos esperavam que pelo menos a linha do tempo fosse seguida assim como na S1. 

Isso não quer dizer que eu não adorei a série como apenas isso, a série. Está linda, com o espírito dos Bridgertons e um slow-burn que nos deixa na ponta do sofá o tempo todo. No primeiro beijo eu estava chorando de alegria, porque a tensão estava insuportável. 

Voltas e voltas na montanha-russa da Shondaland

O que achei muito complicado foi exatamente após esse primeiro beijo. Ele aconteceu apenas no final do episódio 6 e se imaginávamos que as coisas começariam a se arrumar, nos iludimos. 

A história fica ainda mais rocambolesca, com Kate e Anthony tendo uma noite tórrida de sexo no jardim – que eu achei muito apressada, mas entendo que era pra demonstrar que eles chegaram no ápice do controle. E aí você pensa, agora eles vão se resolver. Nãooooo. Kate ainda sofre um acidente na manhã seguinte, Anthony a encontra e descobre o quanto ela é importante pra ele. A cena é linda e emocionante. Você acha que agora eles vão se acertar. Nãooooo. Kate fica em coma por uma semana. E ai quando ela acorda, Anthony a visita e você acha que agora eles vão se acertar. Nãoooo. Nesse ponto eu já estava achando que o casal não ia terminar a temporada junto. 

A cena que Kate conversa com Mary foi uma das mais bonitas e emocionantes. Mostra como ela estava disposta a abrir mão de tudo para ver a família feliz, já que não queria ‘roubar’ o pretendente da irmã e as escolhas que fez sobre os Sheffields, família da Mary, foi apenas para ajudar a irmã e a madrastra. Muito se falou sobre a parte que Mary diz perdoar Kate, e o perdão vem do fato dela ter escondido o motivo para irem à Londres e não somente pelo Visconde.

O desenvolvimento de Mary, ao meu ver, está de acordo com o livro. Uma mulher tomada pelo luto (paralelo com os flashbacks de Violet, por exemplo, mostrando como se perde a noção do espaço-tempo quando se está de luto) e que acaba deixando tudo na mão de uma jovem controladora e cheia de boa vontade. Kate acha que seu tempo já passou e tenta suprir seus sonhos através da irmã. Amei o momento em que Edwina diz exatamente isso para ela. Me identifiquei, rs.

Não quero nem falar sobre os flashbacks no episódio 3. Eu ainda NÃO SUPEREI. Chorei e não foi pouco, mas se achei que o que mais ia doer era morte, me enganei. A parte do luto da Violet foi o que me destruiu. Gregory conversando com Anthony também foi o meu fim.

Um final alucinante

E aí temos o último baile, das Featheringtons. E, finalmente, FINALMENTE nosso casalzão se concretiza. Faltando 8 minutos para acabar a temporada e no meio da galera toda, eles se declaram – e que declaração – e se beijam no meio da queima de fogos. Nos é dado apenas um breve vislumbre da vida de casados, quase como uma cena extra num filme da Marvel, após a cena caótica entre Eloise e Penelope. A série finaliza com um beijo cinematográfico entre o Visconde e a Viscondessa, já casados e em Aubrey Hall para o tradicional jogo de pall mall. Só nos resta esperar que a terceira temporada traga muito mais deles, para podermos ver a construção da família e o amor dando seus frutos. 

Foi lindo? DEMAIS! Foi uma montanha russa de emoções? COM CERTEZA! Mas ninguém pode nos culpar por querer ver mais do final feliz entre eles, já que eles são a coisa mais fofa juntos. Se no Enemy estavam magnéticos, no Lovers estavam hipnotizantes!  

Lady Whistledown contra-ataca

E quais os caminhos abertos para a S3? A temporada terminou com uma cena chave em torno de Polin e Peneloise. Confesso que foi ali que a frase ‘Vocês não estão preparados’ que tanto se falou nas entrevistas anteriores à estreia fez sentido. EU NÃO ESTAVA PREPARADA! Foi um turbilhão de emoções, como se já não tivéssemos passado por tudo, ainda chega Eloise e revira nosso coração tal qual revirou o quarto de Pen.

Todo o destaque que Lady Whistledown ganhou, além de Shonda Rhimes afirmando que “a série não vai, necessariamente, seguir a ordem dos livros” nos deixa com a pulga atrás da orelha se a S3 será mesmo sobre Benophie ou sobre Polin.  A cena final de Penelope me deixou desconfiada. Porém, já está claro que a trama de Lady Whistledown é uma linha contínua através das temporadas, então pode ser que vão desenvolver ainda mais na S3 para chegar na S4 tinindo.

A história de Benedict também se tornou mais complexa, com ele entrando na Academia de Artes, tomando ópio, curtindo as festas de humanas, explorando sua arte e seu prazer. Mas vemos ele se fechar completamente, como uma concha, ao final da temporada. Será que nossa Sophie chegará para abrir esse molusco míope?

Livro x Série

Se a gente tinha dúvidas que a série iria tentar se desvencilhar dos livros, agora temos certeza. E não há problema nisso. Bridgerton é uma franquia forte, com personagens incríveis e uma produção colossal. Falhar não é uma opção e Shondaland sabe como cativar a audiência.

Sempre dissemos que os produtos são diferentes, pois são meios diferentes.

Mas, a frustração de muitos leitores vem do fato da primeira temporada ter sido muito fiel à cronologia de O Duque e Eu, e é natural que a produção sinta confiança para voar além. Agora que estamos avisados, que superamos o choque inicial das mudanças, é possível aproveitar a série de TV como o produto midiático que é em toda sua glória e emoção. E emoção é o que não falta!

E o livro? Ah, ele sempre estará lá, querida leitora. Nada estraga a história escrita por Julia Quinn, nós só ganhamos mais uma versão do multiverso Bridgerton!

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