O Dia das Bruxas está chegando e você já se perguntou se essa data era comemorada na Inglaterra Regencial? Afinal, o Halloween como conhecemos é principalmente uma invenção americana, com brincadeiras de gostosuras e travessuras, casas decoradas com enfeites assustadores, entre outros. Mas, e no século 19?
Vamos, primeiro, a um contexto histórico
De origem celta, a festa realizada no fim de outubro chamava-se Samhain e decretava definitivamente o fim do verão e começo do inverno (também funcionava como um ano novo). Vale lembrar que na Idade Média e até antes disso, não havia uma data exata para essas mudanças de estação, era mesmo na base da percepção dos dias mais curtos. Também há a especulação de um lado místico, pois acreditava-se que uma porta entre o mundo dos vivos e dos mortos era aberta e se alguém falecido tinha uma pendência para resolver, nesse dia voltaria para
puxar o pé acertar as contas.
No começo do século 5, o Papa Gregório I decidiu catequizar as Ilhas Britânicas e enviou missões para o lugar. A ideia era sincretizar as festividades pagãs com as da igreja católica a fim de fazer a nova religião ser mais atrativa. Já no século 8, o Papa Gregório III decretou que o dia 1 de novembro seria o Dia de Todos os Santos, tendo se tornado um dia sagrado oficial um século mais tarde, assinado pelo Papa Gregório IV (só tinha um nome pra papa, gente). No século 10, foi criado o Dia de Finados, com uma festa onde os cristãos rezavam pelas almas penadas que ainda não tinham ido pro céu e estavam no purgatório.
E aonde o Halloween se enfia em tudo isso que falei? Estamos chegando lá!
O nome em inglês para 1 de novembro é All Saints, mas quem é santo é feito sagrado e a tradução é hallowed. Então, o dia anterior (31 de outubro) começou a ser chamado de All Hallow’s Eve. Na Escócia, um local onde o Samhain era festejado, eve era trocado por even e o nome eventualmente perdeu a apóstrofe, foi encurtado e virou o quê? Halloween. É, eu sei, esquisito, mas aconteceu com a Rotten Row também, lembra?
Tudo isso pra dizer que na Inglaterra propriamente dita, o Halloween não era muito comemorado, tanto por não ter muitos celtas na região como pelo fato de que Henrique VIII
deu um fora brigou com a Igreja Católica, criando a Igreja Anglicana. As festividades do Dia de Todos os Santos eram muito “papais” para serem observadas e as festas caíram em desuso. Entretanto, Guy Fawkes sem querer deu a todos um motivo para celebrar a época, que sempre teve grandes fogueiras em suas festas celtas. Se você não se lembra, ele tentou explodir o Parlamento em 5 de novembro de 1605 e a partir de então, todo ano há a festa do Bonfire Night, com grandes fogueiras por todo o país. Por isso, o Halloween dos ingleses regenciais era comemorado inconscientemente, na forma da fogueira de Guy Fawkes.
Tradições

Na Escócia, Irlanda, País de Gales e Ilha de Man, as festividades sempre rolaram, inclusive na Era Regencial, mas só os mais supersticiosos faziam rituais. Há relatos de que a Irlanda sempre foi muito adepta à festividade, pois tem maior influência celta.
A maioria se engajava em brincadeiras simpatias de ler o futuro, para saber quem seria o futuro marido ou esposa (Santo Antônio Feelings), por exemplo. Algumas são bem curiosas, como uma que envolve repolhos, mas a mais legal é a das amêndoas: joga-se duas amêndoas no fogo, uma simbolizando você e outra simbolizando a pessoa que você gosta. Depois, recita-se uma rima (só rima em inglês) que é algo como “Se você me odeia me contrarie e voe; mas se me ama queime.

Ah, e sabe as famosas abóboras que são praticamente o símbolo atual do Halloween? Os escoceses usavam nabos e não eram destinados a serem “obras de arte” e sim só algo pra assustar os maus espíritos. As abóboras só ficaram comuns quando imigrantes escoceses e irlandeses na América tinham o fruto abundantemente.
E nos livros? Não me lembro de ter lido nenhum regencial em que algo dessas atividades aconteceram. Diferente do Natal, que já li em livros da Grace Burrowes e da Erin Knightley, acho que o Halloween na era regencial seria muito mais específico para narrativas passadas nos países que mencionei acima, que contam com uma influencia celta maior.
Mas, é claro que, se você quiser se fantasiar como um personagem saído de Orgulho, Preconceito e Zumbis, ninguém vai te impedir! Pode ficar bem legal até, afinal, a maquiagem do filme é incrível (mesmo eu não gostando dele, sorry)!
Já viu algum ritual desses em livros? Me conta, gostaria de ler sobre!
Não esqueça de curtir a página do Costurando o Verbo no Facebook!