Natal na Era Regencial

O Natal já está batendo à porta e você já se perguntou como eram as festividades nesses dias no século 19? Pois, saiba que eram muito diferentes do que temos hoje em dia! Além do Papai Noel e outras construções modernas, a comemoração do nascimento de Jesus era muito mais tímida que nas décadas seguintes.

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Isso pode ter sido causado por uma proibição no meio do século 17 (sim, alguém proibiu o Natal pelos idos de 1650!), que caiu anos depois mas que desestimulou as festanças. Ou porque a alta sociedade considerava certas (mas não todas) festividades natalinas cafonas. O Natal

Por isso, o Natal tinha uma celebração um pouco diferente no século 19. Ele era comemorado, mas não era essa ~ostentação~ toda em todas as casas. Algumas famílias apenas se reuniam para um jantar festivo em suas propriedades rurais e entregavam presentes no dia 25, depois de irem a igreja, é claro. Outras famílias, mais apegadas às antigas tradições (e ricas), comemoravam doze dias de Natal, começando na véspera e terminando apenas no Dia de Reis (6 de janeiro), a chamada Décima Segunda Noite. (Twelfth Night – Shakespeare tem uma peça com esse nome, sabia?).

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A principal característica desse feriado era que os meninos que estudavam fora (em Eton, por exemplo) voltavam para casa. Havia muita comida, é claro, vinho temperado (algo semelhante ao nosso vinho quente) e Eggnog, um tipo de batida de creme e rum. Imagine que o Natal na Inglaterra é durante o inverno. Então, enquanto a gente aqui no Brasil está escolhendo um vestidinho pra desfilar na sala festa, eles estão é querendo beber coisas bem quentinhas pra espantar o frio.

E já que o tempo não colaborava para sair, durante o Natal ou as tais doze noites, os convidados ou familiares se ocupavam com jogos de charada, pantomima e outros jogos de salão. Além disso, era um período para fazer caridade e ajudar os menos favorecidos.

Jane Austen cita em diversos livros as festividades nessa época, apesar de não serem um grande Natal. No livro Persuasão, por exemplo, é relatado o que poderia ser uma festa de Natal no Período Regencial, com crianças correndo e matando a saudade, laços e papéis dourados, além de um fogo forte e barulhento na lareira.

Provavelmente, ela se referia a outra tradição que algumas famílias observavam: a Yule Log, uma tora bem grande que deveria queimar até o fim (que podia demorar os doze dias, pelo que li). Entretanto, no Período Regencial as lareiras feitas de acordo com a moda não eram tão grandes, mas é bem capaz que em casas antigas, onde as tradições eram mais realizadas, as lareiras comportassem as toras. Sem dúvida, o estalar da madeira devia ser bem alto, ainda mais em um ambiente fechado.

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Velas também eram acessas a partir da lareira, estas devendo durar até o dia seguinte. Decorações feitas de folhagem eram comuns mesmo nas casas que não observavam outras tradições. Você com certeza já ouviu falar do visgo (mistletoe), aquela plantinha que se alguém parar embaixo deve dar um beijo em outra pessoa imediatamente.

Essa é uma tradição bem legal, que já vi em diversos livros regenciais, como Miss Mistletoe, de Erin Knightley, e Lady’s Louisa Christmas Knight, de Grace Burrowes. Ela tem sua origem bem antes do período regencial e até hoje é realizada em alguns países.

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E você acha que as decorações eram colocadas com antecedência, como nós fazemos? Nada disso! Era somente na véspera de Natal que as folhagens poderiam entrar na casa, pois o contrário traria azar. Além disso, era tudo natural, então, se elas fossem colocadas antes ficariam feias quando a noite feliz chegasse. Ah, e deveriam ser queimadas no dia 6 de janeiro, se não: azar!

Está sentindo falta de uma velha conhecida nossa, não é? A árvore de Natal não era nem um pouco comum naquela época! Por ser uma tradição germânica, poucos ingleses colocavam uma árvore dentro de casa. Era algo mais observado por famílias de descendência alemã. Acredita-se, entretanto, que a Rainha Charlotte, mãe do Príncipe Regente, e que era alemã, foi a primeira a montar uma árvore em um Natal. Isso também é apresentado no livro Lady Sophie Christmas Wish, de Grace Burrowes. A parte da família da duquesa era alemã e ela fazia questão de enfeitar a casa com uma árvore.

O costume, entretanto, ganhou força com a Rainha Victoria, já que seu esposo, Príncipe Albert, era alemão. Na verdade, com o fim da Batalha de Waterloo, houve um reavivamento pelas tradições natalinas, um modo de trazer alegria em meio a tanto luto. Isso fez com que essas comemorações voltassem com tudo na Era Vitoriana. Com a popularidade do livro Uma Canção de Natal, de Charles Dickens e publicado em 1843, as festividades ganharam outro colorido, crescendo cada vez mais.

Aliás, um Feliz Natal e um Ano-Novo recheado de romances regenciais para você (e pra mim)!

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