Depois de 18 meses desde o ínicio das gravações até a estreia, os fãs de Bridgerton não poderiam estar mais felizes. Neste dia 25 de dezembro, Bridgerton chegou às telas da Netflix e decepcionou 0 pessoas. Ok, estou exagerando é claro, mas para mim, Manu, é impossível pensar em um grande defeito nessas 8 horas de cenas sensuais, engraçadas, de partir o coração e de prender a respiração. Vem comigo que o texto é longo, mas eu prometo que vai valer a pena!
Julia Quinn, a mãe das crianças – quer dizer, a autora dos livros – já havia dito que não era uma adaptação palavra por palavra (e frisou diversas vezes que não deveria ser, já que é um meio diferente), mas que o espírito Bridgerton dos livros estaria vivíssimo. E eu não poderia concordar mais. Em cada cena, cada fala, tudo exalava Bridgerton Energy! É claro que temos cenas – aquelas vitais, aquelas que mais queríamos ver – que acabam sendo praticamente ipsis literis o que está no livro, o que vejo principalmente como um mimo para os fãs. A quimica entre os protagonistas, Regé-Jean Page e Phoebe Dynevor (Simon e Daphne, respectivamente) é transcendental, ultrapassa a tela e eu duvido que não tenha arrepiado até a mais incrédula das fãs.
O produtor Chris Van Dusen sabia a joia que tinha em mãos, sabia o quanto esse nicho era mal explorado no audiovisual. E, na minha humilde opinião, ele pegou um material que já era incrível, tirou rebarbas, coloriu algumas partes cinzas, preencheu lacunas e nos entregou o melhor presente de Natal, com um laço dourado. Como alguém que perdeu as contas de quantas vezes já releu O Duque e Eu (duas vezes só nesses 18 meses), posso dizer com segurança que a série entrega toda a felicidade e a angústia do livro, todos os altos e baixos que tanto amamos na história, com a vantagem de dar profundidade para personagens que, no primeiro livro, eram apenas alegorias. Sem falar que a questão de termos aristocratas negros foi tratada de maneira muito interessante, não apenas um elenco color blind, mas o duque ser negro faz parte da história da Inglaterra naquele universo fictício.
O vídeo abaixo explica meu sentimento após terminar a série:
A trama de o Duque e Eu foi perfeita, até a tal cena foi tratada de uma maneira melhor, um pouco menos problemática e mais com o tom que acredito JQ quis dar ao livro 20 anos atrás (quando a conversa sobre consentimento masculino e entre casais era muito diferente. Se tem dúvidas, ouça o episódio do podcast Chá no Número 5 em que debatemos o assunto).
A cena foi trabalhada de uma maneira muito melhor e, para quem se decepcionou porque os produtores não a removeram, sinto informar, mas o acontecimento faz parte do desenvolvimento do casal. Não dá pra querer que mudem apenas o que nos convém, afinal, não é na nossa mão que está a caneta. Porém, eu achei muito bem construída e tirou o incomodo que ela me trazia mas sem anular o conflito e o debate. Ainda é uma quebra de confiança, ok, mas na série ficou bem claro que a intenção da Daphne era “chumbo trocado não dói”. Possívelmente, obra do belo trabalho da coordenadora de intimidade Lizzie Talbot. Aliás, o que dizer das 1001 cenas de intimidades? Realmente, não é uma série para assistir com a avó!
E os outros personagens? Destaque para Colin, Benedict (roubando a cena), Eloise e Penelope. Vou tentar abordar as questões sem spoiler, mas se você não assistiu tudo e está com medo de pegar alguma informação importante, pare por aqui.

Vi muitos comentários que criticaram algumas escolhas de Colin, mas acredito que essa seja a construção perfeita para o personagem se tornar mais irônico, com comentários ácidos. Vale lembrar que, na série, ele ainda não havia feito nenhuma viagem, enquanto no livro ele tinha acabado de voltar da Europa no primeiro baile. Possívelmente, o arco dele foi construído desta forma exatamente para mostrar a diferença de quando ele era apenas um garoto impulsivo pra um jovem adulto cínico. Já é possível ver essa diferença ao longo da temporada. Detalhe para quem já conhecia Luke Newton de outros carnavais: vocês vão amar o último episódio.

O Benedict das telas se mostrou um personagem muito mais cativante do que o dos livros. Desculpem Benedict Stans, mas vocês vão concordar que Luke Thompson deu a profundidade e a confusão exata ao Bridgerton número 2. Todas as incertezas e inseguranças do segundo filho – que ficam mais evidentes em seu próprio livro – começam a ser desenhadas nesta temporada. Sua busca incessante por saber quem é além do Reserva nos dá outra dimensão e faz com que ele seja mais próximo do público. Não sei se irão mudar o arco dele em relação à Sophie, mas tenho certeza que nesta temporada ele está testando suas asas e gostos. E que gostos peculiares! Amei.

Eloise é realmente uma força da natureza (e a outra metade da moeda de Benedict! Eles tem a mesma energia, amei as cenas dos dois). É possível ver a inconformação com o papel que ela tem que ter na sociedade – sentimento esse que só se revela mesmo em seu próprio livro – e como isso faz com que ela seja até um pouco agressiva, possívelmente pela imaturidade. E o realmente incrível é como uma atriz de +30 consegue ser a perfeita garota protegida e ingênua, que ainda nem debutou (um banho de atuação de Claudia Jessie!) mas cheia de opiniões. Consigo ver um animal assustado e que, tal qual Lady Danbury disse, resolve se tornar a pessoa mais assustadora da sala. Vejo como uma defesa de alguém tremendo de medo de entrar em um mundo no qual sabe que se encaixa tanto quanto um elefante em uma fechadura.

Penelope, Penelope… Desde as gravações sabíamos que Nicola Coughlan era perfeita. Ao assistir os episódios, nos demos conta de o quanto ela nasceu para ser Penelope. E as próprias ações da personagem são tão condizente com o que sabemos dos livros que é incrível ter esse insight dela logo em 1813. Penelope não é uma inofensiva solteirona, como todo mundo teima em achar, muito menos uma desmiolada como Phillipa ou grosseira como Prudence (destaque para a atuação de Harriet Cairns e Bessie B Carter!). Penelope tem sua própria essência e que é muito bem trabalhada para os espectadores. Além de toda a linda história de Peneloise.

Não posso deixar de falar de Anthony. Eu não pensei que EUZINHA usaria tanto o famigerado “Vou Matá-lo” para o pai da frase. Mas foram inúmeras vezes que a vontade bateu. Porém, também acredito que a construção do personagem foi incrível, que Jonathan Bailey está excepcional, e até quando eu achei que a trama do personagem ia desandar…. fui redondamente enganada. Mal posso esperar pra ser surpreendida com a história dele, pois a construção do arco do personagem já está incrível, mostrando todo o peso do mundo de ser o primôgenito Bridgerton.

Todo o núcleo Featherington é incomparável, muito menos escrachado do que fomos levadas a acreditar, mas igualmente incrível! Entendemos o porquê das mudanças nesta família e como cada uma delas deu o “tomperrro” necessário para dar aquele drama típico de Shondaland. E olha, definitivamente deu movimento pra série!
Violet Bridgerton, Rainha Charlotte e Lady Danbury: eu não sei nem o que dizer, só sentir. O poder emana delas de uma maneira que você só fica hipnotizado. Violet é aquele docinho de leite ninho com uma espinha de aço, capaz de colocar até o importante Visconde Bridgerton em seu devido lugar (mães né) e dar o corte direto sem o menor dó. Rainha Charlotte, eu te venero. Cada expressão, cada fala, até cheirando rapé (tipo de tabaco) ela rouba a cena. Bom, e Lady Danbury É PERFEITA. Não tem mais nada a dizer do que isso. E prepara, que tem bengalada! É com certeza o Show das Poderosas.

Outro núcleo legal, mas que queria que tivesse sido mais explorado foi o do boxe. Will Mondrich roubou o meu coração nas poucas vezes que apareceu em cena. Não julgo as decisões dele, mas estou curiosa pra saber as consequências de tais decisões.
Ainda poderia ficar aqui falando de todas as locações, quais lugares formam qual propriedade, como o interior da Casa Hastings em Londres, mas este texto já está deveras longo. Fica para a próxima!
Conta aí o que você achou dessa primeira temporada? Amou as mudanças? Odiou? Só podemos torcer e esperar que Netflix solte logo a confirmação oficial da segunda temporada, porque todo o fandom já sabe dos inúmeros rumores há meses. Já pode assistir tudo de novo?
Esse blog é parceiro da página Julia Quinn Brasil. Curta a página no Facebook, Twitter e Instagram para não perder nada!
Não se esqueça de curtir a página do Costurando o Verbo no Facebook e me siga no Twitter!
Não se esqueça de curtir a página do Costurando o Verbo no Facebook e me siga no Twitter!