Como eram as festas a fantasia na Era Regencial?

Carnaval chegando aqui no Brasil e todo mundo (ou quase todo mundo) vestindo sua fantasia! A gente sabe, é claro, que na Inglaterra Regencial o Carnaval não era festejado como hoje em dia, com festas na rua e desfiles, etc. Mas, sabemos que a sociedade inglesa adorava uma festa a fantasia, não é mesmo?

As celebrações de carnaval não são uma criação brasileira, já que a festa tem sua origem lá na Antiguidade, com festejos na rua para comemorar colheitas ou divindades. Já na

cenice
Carnaval de Veneza – Casal com Domino

Idade Média, a Igreja Católica adotou várias festas pagãs, o carnaval entre elas, e o período marcava os últimos dias de esbórnia liberdade antes da quaresma (período de grande restrição e purificação até a Páscoa).

Quando falamos de baile de máscaras, a primeira referência que vem a mente é o Carnaval de Veneza! E possivelmente, os Masquerades Balls realizados na Inglaterra nos séculos 17, 18 e 19 puxam sua inspiração de lá, apesar de não serem realizados no período que antecede a quaresma. Na verdade, é mais provável que eles acontecessem depois da Páscoa, quando tinha início a temporada em Londres, consequentemente, as grandes festas.

Esses bailes, inclusive, eram semipúblicos! Ou seja, havia convites a venda e eles eram muito cobiçados na Era Regencial!

View of Regent St showing Argyl rooms, British Museum
Argyll Rooms

Um dos lugares a receber esse tipo de evento era o Argyll Rooms, na região que hoje é a Regent Street. Um tipo de Almacks (só que sem o puritanismo extremo), o Argyll era quase a “balada da galera”. Foi fundado em 1806 e recebeu festas incríveis, não só a fantasia como apresentações teatrais e de dança. Entretanto, assim como no Almacks, era preciso passar pela aprovação dos organizadores, ter alguém para recomendar a sua participação ou, dependendo de quem organizava, assinar uma lista com nome e endereço para garantir o seu convite, que podia custar até 10 guinéas para uma lady.

De acordo com um jornal da época, o primeiro entretenimento realizado por lá foi uma festa a fantasia com convites cobiçados, no dia 2 de junho de 1806, para mais de 500 pessoas. Um verdadeiro estouro! Até mesmo o Príncipe de Gales (que viria a ser regente em alguns anos) participou da festa. Segundo o registro, algumas fantasias incluíam um cocheiro, um marinheiro, uma plebeia, um veterano de guerra e até um médico que passeava pelo salão medindo a pressão das participantes.

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Outro lugar que também recebia festas semipúblicas era os Jardins de Vauxhall. Vale lembrar que, entre os apetrechos da fantasia, uma máscara era necessária. A diversão dos participantes era tentar descobrir quem estava por trás da fantasia antes que fosse permitido retirar a máscara. Isso oferecia a possibilidade de alguns penetras na festa e também de plebeus se misturarem aos nobres, no melhor estilo Cinderella! Inclusive, se você já leu Um Perfeito Cavalheiro, de Julia Quinn, vai lembrar da festa a fantasia de Lady Bridgerton e como Benedict conheceu Sophie, mas não sabia realmente quem ela era por conta da máscara e do sigilo antes da meia-noite.

Outros livros como Lover be Mine, da Nicole Jordan; Potent Pleasures, da Eloisa James; e Lady of Sin, da Madeline Hunter (esse livro é maravilhoooso) também tem bailes de máscaras logo no começo da trama! E eu ainda não li, mas me disseram que em A Promessa da Rosa, da Babi A. Sette, também tem uma festa assim!

92360001Nos livros, vemos inúmeras festas a fantasia serem realizadas por grandes damas da sociedade e os participantes usam a imaginação para seus trajes. Piratas, pastorinhas, médicos da Peste, Maria Antonieta, Rainha Elisabeth I, Henrique VIII, Bonnie Prince Charles (herdeiro da Dinastia Stuart, que tentou reclamar o trono do Reino Unido), freiras, limpadores de chaminé, homens vestidos de mulher e vice-versa, deuses gregos, bobos da corte, cupido, a lista é enorme. A mais comum, no entanto, é apenas uma máscara e manto com capuz simples, chamado domino (exemplo lá na primeira imagem, no começo do texto). Era a escolha perfeita para aqueles lordes que não sabiam brincar queriam se propor ao ridículo. Eu particularmente adoro quando um lorde entra na brincadeira, é muito divertido imaginar fantasias naquela época!

Entretanto, havia um movimento contra as festas a fantasia, com a justificativa de que as pessoas se tornavam mais promíscuas e imorais. É fato que uma máscara dá anonimato e maior liberdade para quem a usa, mas mesmo assim, as festas faziam muito sucesso entre a elite londrina.

Vamos ver algumas ilustrações, caricaturas e pinturas do período?

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