Dando sequência ao último post, onde falei sobre as Grandes Carruagens da Era Regencial, hoje vou abordar as carruagens leves. Geralmente utilizadas para transportes rápidos, muitas também eram consideradas o equivalente aos carros esportivos atuais. Alcançando altas velocidades, alguns modelos eram os preferidos dos lordes para apostar corridas pelo campo Segura, Berenice e se divertir com os amigos, pois a maioria não necessitava de um condutor, oferecendo maior autonomia.
Na foto principal, reconhece o Príncipe William e o Príncipe Harry espevitado brincando num phaeton? Abaixo, você conhece os detalhes desse tipo de carruagem!
Vamos lá?
Curricle e Chaise

Em estrutura, são muitos parecidos. Com duas rodas e uma capota reversível, eram veículos leves e abertos.
O curricle era puxado por um par de cavalos e havia um espaço atrás da capota para o lacaio (ou tiger). Eram bem rápidos e até perigosos. Sem dúvida, você já leu sobre algum personagem morrendo numa corrida desvairada ou acidente.

Já a chaise era um pouco mais versátil, sendo aberta ou fechada. Poderia ser puxada por apenas um cavalo ou mula, sendo assim um veículo mais acessível e, consequentemente, um pouco mais lento. Entretanto, dependendo do proprietário, poderia ser um veículo maior, com dois assentos voltados para a frente e ricamente decorada, perfeito para viagens pelo campo.
Em Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, o Sr. Bingley vai visitar Netherfield Park pela primeira vez numa chaise puxada por quatro cavalos. E, é claro, deixa a sra. Bennet praticamente nas nuvens! E sabe quem também tem um curricle? Sr. Darcy!
Gig

Bem parecida com um curricle, o nome muitas vezes apresenta o mesmo tipo de veículo, mas são levemente diferentes. Poderia ser puxada por apenas um cavalo, logo, mais barata (manter um cavalo naquela época custava caro! Cerca de 120 libras por ano). Também é um veículo que vemos em alguns romances guiados por mulheres, por sua característica leve, dando independência às personagens.
Cabriolet

Esse nome é até conhecido atualmente, pois batiza diversos possantes carros esportivos. Era pequeno, com apenas um assento para duas pessoas e uma capota. Atrás, havia um poleiro (por falta de uma palavra melhor) para que um lacaio pudesse acompanhar a viagem e cuidar do veículo quando necessário. Eventualmente, esse veículo substituiu o curricle na preferência masculina na Era Vitoriana. Atualizado em 2 de maio: Acabei de ler Cilada para um Marquês, da Sarah MacLeann, e qual a minha surpresa em ver que Rei (suspiros) tem um cabriolet! A cena dele chegando na estalagem todo poderoso em calças de couro em seu cabriolé após uma corrida com os amigos me deixou boba! Adorei! Como o romance se passa em 1833, já é um indicativo que os cabriolés estavam na moda, sendo muito famosos nos anos seguintes.
Acredita-se que em determinado momento, também foi utilizado como um táxi, chamado de taxi-cab (tax, em inglês significa taxa, acredito daí que vem o nome). E percebeu que em inglês britânico o nome para um carro alugado temporariamente para te levar de um lugar ao outro é cab? Pois é daí mesmo que vem o nome. Os taxi-cabs foram substituídos pelo ressurgimento das hackneys, apesar do termo ser usado como sinônimo de um taxi-cab.
Phaeton

Muito mais utilizado para recreação do que para longas viagens, o Phaeton poderia ter uma capota reversível ou nenhuma. Assim como o Landau, o objetivo era ser visto e poderia ser puxado por dois cavalos, pois era um pouco mais pesado do que um Curricle.
Em Um Perfeito Cavalheiro, de Julia Quinn, Benedict Bridgerton conduz um phaeton quando está indo em direção ao Meu Chalé com Sophie Beckett (e eles tomam uma senhora chuva). Também era um dos veículos favoritos do Príncipe Regente (e depois Rei George IV), tanto que quando George ficou gordo velho demais para embarcar, já que era um veículo alto, o fabricante de carruagens da realeza adaptou um modelo para o monarca, mais baixa e fácil de subir.
Barouche

Um pouco maior, com quatro assentos (um de frente para o outro), contava com um assento na frente para o condutor. Também havia uma capota, mas os passageiros que ficassem de costas não compartilhavam a proteção. Sendo assim, também era outro tipo de carruagem mais usada no verão (ou quando o tempo estava bom). É bem usada durante o Trooping the Colour, em junho, pela Família Real.

Uma curiosidade: o painel que há na frente da maioria dessas carruagens serve para proteger as roupas da lama espirrada pelo casco dos cavalos e evitar que o vento (já que alcançava certa velocidade) não levantasse as saias das mocinhas. Isso teria me salvado de um leve trauma de infância relacionado à expressão “c**ando e andando” se a carroça que eu andei quando era criança tivesse esse ~acessório~.
Confira algumas imagens na galeria:
Onde ver carruagens antigas?
No Rio de Janeiro, há o Museu Histórico Nacional, que possui em seu acervo permanente uma exposição Do Móvel ao Automóvel: Transitando pela História, que apresenta uma diversidade de veículos que já circularam pelo nosso país, entre elas carruagens. Em Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, também há o Museu Imperial, com diversos veículos utilizados pela Família Real.
Uma leitora do blog também comentou sobre o Museu Nacional dos Coches, em Lisboa. É um dos museus mais populares de Portugal, com uma coleção extensa de carruagens reais e outros veículos de vários séculos. Um ótimo passeio para minhas leitoras lusitanas!
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One thought on “Transporte na Era Regencial – Parte 2: Carruagens leves”