No século 19, não havia uma grande diversidade de meios de transporte (metrô, ônibus, avião, bonde cipó), mas a variedade de tipos de carruagem supria essa falta. Assim como nos dias de hoje que temos carros esportivos, utilitários, sedãs e picapes, também havia diferentes veículos para diferentes propósitos.
Neste capítulo da série Regencial no Séc 21, vou abordar os tipos de veículos que vemos em alguns romances. O texto acabou ficando tão grande que achei melhor dividi-lo em dois.
Todos a bordo? Vamos lá:
Carruagem
Esse é o tipo mais comum. Toda família aristocrata que se preze tinha que ter uma! Grande, a carruagem tinha quatro rodas e normalmente era puxada por um time de dois ou quatro cavalos, dependendo do tamanho. Tem porta dos dois lados e os bancos ficam de frente um pro outro. Sempre vemos cenas em que o mocinho está sentado do lado oposto da mocinha e, de repente, a puxa para seu lado, não é?
Carruagem de Estado
O exemplar mais famoso e antigo de carruagem que anda pelas ruas de Londres desde 1762 é a Carruagem Real de Estado. Foi comissionada pelo 10º Conde de Huntingdon para o rei George III, desenhada por William Chambers e produzida por Samuel Butler. Ela é toda folheada a ouro, com riquíssimos detalhes como querubins, tritões, pinturas da época e diversos outros adornos. Todos os monarcas desde George IV saem nela em direção a Abadia de Westminster para a cerimônia de coroação.
A Rainha Elizabeth também a usava para a abertura do parlamento e outras cerimônias oficias, como o Jubileu de Ouro, em 2002 (a carruagem foi substituída por uma mais moderna, já que a suspensão desta a faz ser um tanto quanto desconfortável). Por conta de seu peso e tamanho (“apenas” 3 x 7 metros), são necessários 8 cavalos para puxá-la a carruagem, não a rainha e está em exposição nos Estábulos Reais para visitação. Veja esse vídeo que mostra toda a exuberância dela:

Carruagem do Correio
Outro conhecido dos romances, sempre há aquela mocinha ou mocinho ou idiota que foge para Londres com o Correio. Como nem todo mundo podia pagar para alugar uma carruagem particular, a saída era percorrer grandes distâncias com os carteiros. Mas, a viagem não era lá essas coisas no quesito conforto, já que a carruagem só parava nos postos para entregar as cartas e logo seguia viagem. Era um meio rápido de transporte na época. É daí que vem a expressão “run from pillar to post”.

Diligências
Esse era o busão da galera! Se você não podia pagar por uma carruagem particular, nem pela carruagem do correio, a saída era a diligência. Ela ia por um roteiro pré estabelecido com os passageiros e determinadas paradas estavam previstas no pacote. Havia um pouco mais de conforto do que com os correios, mas a viagem era mais demorada. Esse tipo de transporte foi muito famoso na Era Regencial e entrou em declínio com o avanço das ferrovias.
Landau
Basicamente um carro de luxo, era o veiculo perfeito para se exibir na Rotten Row e pela cidade de forma geral, por conta de sua borda rasa que deixava os ocupantes bem a mostra. Também tem bancos opostos, mas o teto é retrátil, afinal, a ideia é que as pessoas de fora possam ver os ocupantes e seus trajes finíssimos. Ainda hoje, diversos landaus são utilizados pela família Real Britânica em eventos de estado, cerimônias especiais como o Trooping the Color (realizado em junho, comemorando o aniversário da Rainha Elizabeth II) e o Royal Ascot (famoso torneio de corridas de cavalo). No casamento de Kate Middleton com o Príncipe William, o casal desfilou pelas ruas de Londres em um, o mesmo que foi usado no casamento dos pais de William.
Veja a galeria de fotos:
No próximo post, vou abordar as carruagens leves, como o curricle, chaise, gig e phaeton. Não perca!
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