Renascido

John Mayer se reinventa e traz álbum diferente do que já fez

John Mayer Born and Raised

Born and Raised saiu há quase dois meses e se você ainda não ouviu, deveria. Eu mesma demorei um pouco para ouvir o novo cd de John Mayer e me arrependi de não ter feito isso antes. Fiquei surpresa com a diferença de som desse disco para os anteriores. Muito mais folk, meio country (pra não dizer caipira) e diferente. Antes que alguém me julgue, eu não sou a maior conhecedora das peculiaridades de gênero musical, mas eu gosto de ouvir música e sou apaixonada pelo cantor em questão.  O fato é que o som me cativou.

Sinceramente, a mudança foi muito bem vinda, num momento em que tudo está tão igual. Como ele diz na música Speak for Me, “Você pode dizer que alguma coisa não está certa quando todos os seus heróis são em preto e branco”. E com seu Born and Raised, Mayer dá um novo colorido à música atual. Ele mesmo estava cansado do que vinha produzindo. O problema (ou não) é que é extremamente difícil ouvi-lo nas rádios do Brasil.

O primeiro single, Shadows Days, representa bem o álbum, mas é apenas a ponta do iceberg. Born and Raised é muito mais do que isso. Wisky, Wisky,Wisky mistura o estilo já conhecido das letras de John – meio melancólico, meio nostálgico, questionando sua existência – mas com uma sonoridade que é novidade em suas canções. A gaita dá um toque especial, um saudosismo (pelo menos, eu senti) muito gostoso. Música para ouvir na estrada com a capota levantada e os cabelos ao vento. #aloka. E ela retrata bem o momento das composições, quando John bebia,bebia,bebia, acordava de ressaca, pegava o violão e ia compor.

E tudo isso por que o momento em que John compôs as músicas foi bem delicado, pois estava (e ainda está, #todaschora) lutando contra uma espécie de tumor nas cordas vocais. Como sempre, o vejo questionando sua vida, suas escolhas, seus sonhos e seus amores. Muito autoral (mas muito mesmo, ele até fala da separação dos pais) Born and Raised me apresentou um John Mayer diferente, mais denso, mais profundo, brincalhão em alguns momentos, mas sempre sonhador.

Cada musica proporciona uma viagem diferente. A música que é minha queridinha, Walter`s Grace Submarine Test, January 1967, tem uma introdução cumprida, mas gostosa de ouvir. O que vem a seguir é cativante: a jornada de um homem entediado em busca da realização de uma aventura. O som me lembrou aquelas fanfarras (ou banda marcial, como quiser) e tem muito uma pegada de conquista pessoal. Carinho aos ouvidos, na minha humilde opinião.

O álbum é bem plural e o ouvinte encontrará um pouco de tudo nas outras faixas. Destaque para Age of Worry e o trava língua cacofônico extremamente sonoro e gutural. Queen of California, traz sensações gostosas, como o alivio de se ver livre de um fantasma, aquela sensação de sair na rua sorrindo pra todo mundo, dando adeus para seus maiores medos. Acredito que esta foi composta como uma ode a liberdade de tudo o que o perseguiu nos últimos anos, como as polêmicas entrevistas para a Rolling Stone e para a Playboy e o “esquecimento” do público.

A Face to Call Home traz o calor de um novo romance, da redescoberta do amor, depois de muito se decepcionar. Segundo uma entrevista de John para a Rolling Stone deste mês, ele está “extremamente sensível e aberto ao amor”. (Na mesma entrevista ele diz que em seus 20 e poucos anos tinha um charme quase bélico. Se hoje em dia ele não tem isso, é porque precisa ir ao oculista.) Something Like Olivia dá a ilusão de que John se apaixonou por uma mulher já comprometida, mas que era exatamente alguém como ele procurava. Já que todas as musicas desse álbum são autorais e John sempre se coloca muito em suas canções, a pergunta que fica é: Quem é Olivia?

No geral, é um álbum para ouvir com vontade. Dispa-se de todo preconceito de “cantor mimimi” que você possa ter a respeito de John. OK, ele continua mimimi, mas de uma forma diferente. Seu som está menos “plugado” e mais “outdoor”, se posso chamar assim. A verdade é que (como não sou critica de musica) não encontrei uma palavra que pudesse expressar a impressão que tenho desse novo som. Mas fica a dica para quem quiser ouvir algo descompromissado, com letras bacaninhas, de vez em quando românticas e outras vezes melancólicas.

A faixa título é outro questionamento de Mayer. Uma análise do tempo que passou, como ele mudou e o que pretende para os próximos anos. Vale destacar a reprise de Born and Raised, que foi divulgada no iTunes. Fecha o álbum em grande estilo e é até divertidinha. Para quem não sabe (e eu também descobri na Rolling Stone), agora ele vive em Montana, em um chalé de pedra e madeira. Mais um motivo para ressaltar o estilo de Born and Raise e mostrar que John Mayer é mesmo um cantor que vive suas músicas.

PS: Enquanto procurava as fotos que ilustram essa matéria, ao entrar no site oficial WWW.johnmayer.com descobri que realmente dá para viajar ouvindo o álbum. Isso porque quando o site carrega aparecem dois espaços para preencher “endereço de partida – endereço de chegada”. Coloquei algo aleatório, Times Square e Montana (só queria entrar no site e não estava entendendo pra que aquilo) e aí começou a tocar Shadow Days e um aplicativo do Google Street View vai te levando pela estrada com a música de fundo. Achei sensacional e queria compartilhar com vocês. Vai lá, dá uma viajada por ai :).

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