Marcaram de se encontrar às 20h30. Ele passaria na casa dela na hora marcada. Naquele dia, mal se falaram, mas o encontro era certo.
Ela se vestiu logo cedo com seu melhor humor. Saiu para trabalhar, cronometrando cada tempo livre para poder otimizar seu tempo ao se arrumar a noite. Coisas de mulher.
Saiu do trabalho e foi até cortar o cabelo, coisa que não fazia há alguns meses. Chegou em casa correndo, cada vez mais ansiosa pela noite que estava por vir.
Tomou banho, depilou-se,perfumou-se. Vestiu uma roupa que o deixaria de babando.
Arrumou-se e ficou linda. Tinha que impressionar naquela noite. Mais uma conferida no espelho, uma opinião das mulheres da família, uma blusa emprestada, pronto! Estava deslumbrante. Só faltava o sapato, mas o colocaria na hora de sair.
Foi ajudar sua avó quase centenária a arrumar o contraste da tv. Do alto de seus 90 anos, a avó sempre reclamava que a tv de ultima geração (ou penultima, vai saber) era muito escura, desfocada e que a neta sabia exatamente como deixar a imagem mais bonita.
Enquanto arrumava os comandos da tv, ela apertou sem querer o botão que muda de canal e seu coração pulou uma batida. Ele estava na portaria. Lindo. Elegante. Acidentalmente, ela havia sintonizado no circuito interno de câmeras do prédio.
O interfone tocou.
Ele acordou meio mal humorado, porque nem tinha dormido muito. Apesar disso, estava com disposição para encarar o dia que estava por vir.
Saiu, foi resolver uns problemas. Voltou e foi lavar o carro. Era uma noite importante, todos os aspectos mereciam esmero.
Nunca dera muita importância para o carro, mas lavou o bendito quatro vezes, tamanha a sujeira e a obstinação por deixá-lo limpo, pois queria causar uma boa impressão. Depois, foi cuidar da aparência.
Cortou os cabelos, fez a barba e se demorou no banho. Como de costume. Inclusive, tomou um banho gelado para se animar e mandar o sono embora. Estava renovado.
Escolheu a roupa com cuidado, imaginando o que a agradaria, pois queria deixa-la sem ar. Vestiu seu melhor terno. Arrumou o cabelo do jeito que gostava, colocou o perfume preferido e arrumou a gravata meticulosamente. Roxa, a cor favorita dos dois.
Pegou o carro, muito mais limpo do que nos últimos meses, e foi para a casa dela. Correu um pouco, pois percebeu que estava atrasado. Atravessou a cidade e por sorte conseguiu uma vaga perto ao prédio dela. Encaminhou-se e falou com o porteiro.
Tocou o interfone.
Quando se encontraram, ambos ficaram embasbacados, tamanha a beleza descoberta um no outro e o capricho dedicado àquele momento. Estavam extasiados por se encontrarem. Foram jantar e depois se divertir. Surpreenderam-se quando o pano caiu.
Apaixonaram-se. De novo.
Era o aniversário de um ano de namoro.
E melhor do que descobrir que está amando é descobrir que está apaixonado, perdida e enlouquecidamente, pela mesma pessoa.
É a empolgação do primeiro encontro, mesmo que seja o milésimo.