Muito se falou sobre a escolha de atores e atrizes negros para o casting de Bridgerton, que se passa em Londres em 1813. Com a reportagem da Vogue postada por Golda Rosheuvel, que dará vida à Rainha Charlotte na série, o termo colour-blind voltou às conversas. Mas, afinal, o que significa?
Um elenco colour-blind é exatamente o que a palavra traduzida quer dizer: cego para cor. A atuação é a principal coisa levada em conta nesta forma de casting. Algo muito comum no teatro, no qual a cor da pele não era um empecilho, e agora a prática começa a ganhar fôlego as produções de época no meio televisivo.
Segundo a própria reportagem da Vogue, “uma seleção inclusiva também pode significar oferecer papéis escritos para homens a mulheres e garantir que atores gays, transgêneros e deficientes tenham oportunidades de interpretar pessoas de suas próprias comunidades e de fora delas. O objetivo é abordar as desigualdades sistêmicas que existem no ramo, fornecendo mais trabalho aos grupos marginalizados e impedindo o apagamento de pessoas não-brancas e gays de papéis importantes”.
Em 2016, Regé-Jean Page, que vai interpretar Simon Basset, também falou sobre a falta de diversidade em produções de época: “As pessoas não-brancas têm dificuldade em colocar nossas histórias na tela nos dias de hoje, nem se fala nas produções de época, sabe? Você tem cem milhões de Jane Austen, mas vire a câmera 90 graus para a esquerda e ainda estamos lá!”
Bridgerton já é um bom exemplo de elenco inclusivo, mas outras produções de época lançadas em 2019 também tocam nesse ponto. A adaptação de Sanditon, por exemplo, baseada no livro inacabado de Jane Austen, tem uma herdeira negra e ela realmente estava descrita no texto de Austen. Apesar de ser apenas uma adaptação entre centenas de filmes austenianos, já é um começo.
E sobre a questão da precisão histórica, a própria reportagem da Vogue fala tudo o que precisamos dizer: “deve-se dizer que a Londres do século 19 – a capital global de um império expansivo onde muitos imigrantes chineses, indianos e africanos vieram trabalhar – era muito mais diversa do que a maioria dos dramas de época com elenco todo branco apresentam”. Além disso, é uma forma de ver a história sob uma luz totalmente diferente. Segundo historiadores, mais de 15 mil homens e mulheres negros viviam na Inglaterra na última metade do século 18, principalmente em cidades portuárias como Bristol, Liverpool e Londres. Acho que eles ainda estariam por lá no começo do século 19, não?
O fato de Austen não gastar muita energia descrevendo fisicamente seus personagens dá margem para esse embranquecimento, por uma questão totalmente relacionada com a forma como a história do mundo foi embranquecida. No caso de Bridgerton, a própria Julia Quinn já afirmou inúmeras vezes que não é uma autora muito pictográfica, ela não imagina com muita precisão seus heróis e heroínas, mas foca mais em quem eles são. E, para ela, Regé-Jean Page tem tudo para ser o Duque de Hastings perfeito.
Sei que alguns de vocês estão preocupados que os atores não correspondam às descrições dos livros, mas eu não. Eu nem lembrava que Simon tinha olhos azuis. Absorva isso por um segundo. Eu criei o personagem, mas não me lembrava da cor dos olhos dele. Mas você sabe o que eu lembrei? Lembrei-me de sua inteligência e lembrei de quanto ele adorava Daphne, mesmo antes de entender o que significava amar outro ser humano. Lembrei-me de como ele tinha que aprender a fazer parte de uma família, mas ele foi sábio o suficiente para trazer dois buquês de flores quando visitou Daphne – um para ela e outro para sua mãe. Lembrei que ele fez algumas escolhas muito ruins, e lembrei que ele também fez algumas boas. Lembrei-me de que ele estava quebrado e lembrei-me de que ele foi curado. Não lembro que seus olhos eram azuis. Regé-Jean Page é um ator brilhante, e se me permitem objetivá-lo por um breve momento, ele é LINDO, e eu poderia encará-lo o dia todo. Ele é cada pedaço de Simon que importa.
Julia Quinn sobre o elenco
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