Imagine uma cidade feita basicamente de casas de madeira queimando ininterruptamente por quatro dias. Imaginou? Foi o que aconteceu entre os dias 2 e 5 de setembro de 1666 (e esse número da besta ai no meio, hein? Coincidência? kkk) em Londres, na região que hoje é a City of London, centro comercial da cidade.
Em 2016, o incêndio chegou a seu 350º aniversário. Para comemorar, o governo fez uma parceria com a companhia Artichoke e o artista David Best para criar uma “senhora” fogueira. Foi criada uma maquete de 120 metros com a linha do horizonte de Londres naquela época. Tudo feito de: madeira.

A maquete está em uma barca no Rio Tâmisa e o fogo será ateado no domingo. Quem quiser, pode assistir ao vivo por aqui.
Atualização [5/9/16 11h50]: Veja como foi a queima da maquete neste vídeo em timelapse:
Um pouquinho de história
1666. A madeira era o material de construção mais comum nos prédios londrinos. Ruas estreitas e construções antigas. Uma chama e um padeiro desatento deu inicio à grande tragédia.
O fogo se espalhou rapidamente e continuou queimando pro quatro dias, sem ser possível extingui-lo. Destruiu mais de 13 mil casas, 87 igrejas 44 prédios públicos e a Catedral de St. Paul. A reconstrução tomou os anos seguintes – dessa vez com tijolo e cimento.
Em Londres, há um obelisco imeeeeeenso (impossível pegar ele todo numa foto) que marca exatamente o local onde ficava a padaria que começou todo o quiprocó.
Em alguns romances regenciais (e que se passam antes desse período também), são feitas alusões ao ocorrido. No momento, estou lendo a série da Família Windham, de Grace Burrowes, e o incêndio já foi citado, por exemplo. Foi algo bem traumático e que marcou toda uma geração.
Aliás, tentativa de incêndio era considerada grave ofensa com sentença à morte. E não demorou muito pra surgirem rumores de que estrangeiros estavam ateando fogo na cidade. Logo, refugiados franceses e holandeses que moravam em Londres começaram a ser atacados. O rei Charles II passou um mau bocado com a eminência de uma rebelião. No fim, é claro, deu tudo certo. O fogo destruiu muito, mas possibilitou que a área fosse modernizada e sanitarizada, pois, naquela época, Londres passava por uma grande epidemia de Peste Bubônica, agravada pelas condições de vida das classes mais baixas. E se vocês se lembrarem, a City era um lugar que quase ninguém das classes altas gostava muito de ir.
Let it burn!